Professor Wander Melo Miranda apresenta a obra da poeta mineira de Lambari
A poesia de Henriqueta Lisboa é o tema da sessão de outubro do programa literário do Centro Cultural Unimed-BH Minas, o “Letra em Cena. Como ler…”. O professor de literatura da UFMG Wander Melo Miranda estará no Café Cultural, junto do curador do projeto, o jornalista José Eduardo Gonçalves, no dia 18/10, terça-feira, às 19h. A leitura dos poemas de Henriqueta será feita por Maria Lisboa, sobrinha da poeta. Wander afirma que na poesia de Henriqueta Lisboa “sempre o leitor e a leitora encontrarão momentos de raro “convívio poético”, de delicada beleza, em seus versos”. As inscrições gratuitas podem ser feitas pelo site da Sympla.
Mineira de Lambari, Henriqueta estudou no Rio de Janeiro e depois passou a viver em Belo Horizonte. Poeta, tradutora, professora, jornalista, Henriqueta foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Mineira de Letras e por cinco anos trocou cartas com o modernista Mário de Andrade. Essas conversas influenciaram a obra da poeta. “Pela constante atenção que Mário dava aos poemas que ela lhe enviava e ele devolvia com anotações variadas. No geral, Mário e Henriqueta afirmavam o valor da amizade – duas personalidades tão diferentes unidas pelo amor à palavra poética, ao trabalho com a linguagem, à atenção ao resíduo, ao menor, ao aparentemente insignificante, como o poema “Sofrimento” exprime tão bem”, explica o professor Wander Melo Miranda.
Detalhista e atenciosa, a obra de Henriqueta, segundo o professor, “se caracteriza por um trabalho minucioso com a linguagem, unindo o melhor do simbolismo, como a busca da transcendência, o mergulho subjetivo, o apelo místico à força da natureza como integrante essencial da constituição do sujeito”, aponta Wander. “Do modernismo, herda o verso livre, construído num ritmo admirável e refinado, sem exageros, mais próprio à sua sensibilidade”, diz o palestrante.
A morte é tema recorrente em sua obra e acabou rendendo-lhe o apelido de “a poeta da morte”. Para Wander, o que Henriqueta mostrava com a presença da morte em seus poemas é “uma consciência profunda da finitude do ser e, paradoxalmente, de sua permanência pela palavra poética”. O fervor da fé não turvou a visão de Henriqueta sobre o entendimento do fim. “A morte não é para uma cristã como ela era – não como muitos que hoje assim se nomeiam com alarde – a continuidade da vida em outra esfera, uma forma de redenção que tentou traduzir em palavras”, destaca.
Serviço
Letra em Cena. Como ler Henriqueta Lisboa, com Wander Melo Miranda
Data: 18 de outubro de 2022, terça-feira.
Horário: 19h.
Local: Café do Centro Cultural Minas Tênis Clube.
Classificação: livre.
Inscrições: gratuita no site da Sympla
